sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Igrejas imensas, Evangelho minúsculo

Dirigir e pastorear uma grande igreja, com dezenas de milhares de membros, sediada em um templo imenso e suntuosíssimo. Este é o sonho de muitos pastores, e, para vê-lo realizado, esforçam-se, montam estratégias, mobilizam pessoas, consultam especialistas, desgastam a si próprios ao extremo. Será que isso é plano de Deus e sinônimo de avanço do Reino dos Céus na terra? 

Ao observarmos o estado espiritual das denominações brasileiras em franco crescimento numérico, percebemos facilmente que a resposta é não. Tais igrejas não têm como marcas a sã doutrina, a promoção da santificação entre seus membros, o louvor quebrantado e cristocêntrico ou outras virtudes essenciais no Corpo de Cristo. Ao contrário, a pregação torna-se mais superficial a cada culto, as canções entoadas ali são humanistas, os requisitos para a admissão de novos membros são afrouxados dia após dia, as heresias florescem. 

Além disso, a soberba frequentemente se apodera do coração dos pastores dirigentes dessas igrejas. Seus planos de crescimento numérico tornam-se absurdamente ambiciosos, cercam-se de luxo e glamour, querem ocupar espaço na mídia (principalmente na TV), flertam com a política e, não raro, tomam para si o título de “apóstolos”, o que só evidencia seus rasos conhecimentos teológicos. Muitos passam a rechaçar seus críticos, desprezando até as exortações mais justas e biblicamente fundamentadas.

Bom seria se o tamanho dos templos fosse limitado, a fim de não comportar uma quantidade exagerada de pessoas. Por exemplo, mil lugares no salão principal, onde os cultos são realizados. Assim, à medida que mais almas fossem ganhas para Cristo, outros templos seriam erguidos em bairros diferentes, sempre respeitando a capacidade máxima proposta. As construções deveriam ser sóbrias, evitando a ostentação desnecessária e indesejável. 

Os salários dos pastores deveriam ser limitados. Ninguém, nem mesmo o pastor presidente, teria um ganho exagerado, semelhante às remunerações do primeiro escalão dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estaduais e federais. Pois raramente um ser humano não se ensoberbece quando mora numa mansão enorme, dirige os automóveis mais caros e imponentes, veste-se com roupas das melhores grifes e frequenta os ambientes mais chiques e sofisticados. Essas coisas são ciladas para os servos de Cristo, impróprias para quem se considera um peregrino e forasteiro nesse mundo. 

Os poderes dos pastores presidentes deveriam ser limitados, e jamais concentrados somente neles. Todas as decisões importantes numa igreja precisam ser tomadas em equipe, não faz sentido a existência de uma espécie de “papa evangélico”, assentado num trono. O poder corrompe o homem, assim como a fama e o dinheiro. Algumas denominações chegam ao cúmulo de colocarem outdoors com fotos do seu líder fundador em todas as congregações, bem na entrada dos templos! Isso não pode acontecer no Corpo de Cristo, em hipótese nenhuma! 

Finalmente, nenhum pastor deveria comprometer a saúde espiritual da igreja, visando o aumento do número de membros. Não existe insensatez pior do que diluir a mensagem do Evangelho, omitir as exigências de renúncia feitas pelo Senhor Jesus, deixar de alertar as pessoas sobre a gravidade do pecado e o futuro juízo de Deus contra o mundo, apenas para agradar e atrair mais gente. Ai dos líderes que pregam falsas boas-novas! Melhor seria pastorear uma pequena igreja com trinta adoradores, salvos e transformados pelo poder do Altíssimo, do que liderar uma denominação com trinta mil falsos convertidos. Pastores, pensem nisso, e, se necessário, revejam seus sonhos e projetos, conformando-os ao padrão de Deus!

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Como é difícil evangelizar um neopentecostal!

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Quando o Senhor Jesus proferiu estas palavras, não falava a gentios, mas aos fariseus, que consideravam a si próprios fiéis servos de Deus. Aliás, a Bíblia nos mostra quão endurecidos de coração eram os religiosos do judaísmo naqueles tempos, e como a igreja primitiva, depois do Pentecostes, obteve maior aceitação entre os povos não judeus do que perante os descendentes de Abraão. 

Evangelizar é uma tarefa árdua, pois o ser humano, caído e totalmente apartado da glória de Deus, não é capaz de render-se a Cristo, a menos que o Espírito Santo intervenha de modo sobrenatural, abrindo os olhos espirituais dos incrédulos. Convencer alguém a abraçar uma religião não é difícil; o problema é fazer um homem entender que precisa desesperadamente de um Salvador. Pior ainda é tentar explicar a um evangélico neopentecostal que este provavelmente ainda não foi salvo. 

As denominações neopentecostais, adeptas da nefasta “teologia da prosperidade”, divulgam um falso evangelho, completamente diferente do Evangelho de Jesus Cristo. A mensagem, basicamente, é a seguinte: “venha para a nossa igreja e todos os seus problemas serão resolvidos”. Quem não se interessaria por semelhante proposta? Então, durante os cultos, ensinam que a pessoa deve passar por um processo de libertação (no qual o pastor expulsará os demônios da pobreza, ou da enfermidade, ou do vício, ou do desemprego, etc), repetir uma oração pronta “aceitando Jesus”, tornar-se membro daquela denominação e ofertar o máximo de dinheiro que puder (e também o que não puder, incluindo o que não possuir). 

Desde então, a pessoa, devidamente integrada à comunidade “evangélica”, imagina ter passado das trevas para a luz, tornando-se filha do Deus vivo. Sem arrependimento de pecados, nem novo nascimento, tampouco vida de santificação – etapas absolutamente essenciais na caminhada cristã. Não bastasse tudo isso, o membro de denominação neopentecostal aprende, culto após culto, a desprezar o estudo bíblico sério e aprofundado, substituindo-o pelo simples uso de versículos bíblicos isolados, totalmente descontextualizados, terrivelmente distorcidos, com o fim de justificar as heresias e abusos da “teologia da prosperidade”. 

Como explicar para alguém nessa condição que é preciso se arrepender e crer no Evangelho? Normalmente tais pessoas são ex-católicos romanos, os quais abandonaram um estilo de idolatria e imaginam que agora pertencem a Cristo. Não percebem, mas houve somente uma troca de ídolos. Aparecida foi substituída por Mamom; as imagens de escultura deram lugar aos amuletos “evangélicos”; o terço foi trocado pelas campanhas de sete semanas; e, em lugar do papa, o papel de líder infalível e acima do bem e do mal passou a pertencer ao “bispo”, “apóstolo” ou “missionário”. Continuam cegos, sem discernimento, perdidos, pois invocam o Nome de Jesus mas nunca se submeteram ao Seu senhorio. 

Somente um milagre de Deus pode salvar uma pessoa, seja quem for. O homem natural vive separado de Deus, pois todos pecaram. Não há distinção. Mas expor o reto Evangelho, puro, bíblico, não falsificado, apto a salvar, para os neopentecostais é uma missão especialmente difícil porque os líderes destes provocaram um estrago grande demais. A própria Bíblia foi deturpada, as promessas do Senhor foram transformadas em objeto de comércio, multiplicou-se o ego e a cobiça dos membros. Todos os conceitos referentes à salvação precisam ser quebrados e reconstruídos nas mentes de multidões. Ah, Senhor, dá-nos graça sobre graça, ou uma geração inteira perecerá!